" Espera por mim no sítio do costume,
Onde cheira a madressilva e madrugada,
A bola do luar é bolo ao lume
Em refeição por ti sempre adiada.
Eu sei não ter lugar à tua mesa
Pois por ti não serei convidada,
Mas serve-me um sonho à sobremesa
Eu fico eternamente ali sentada.
Cantar de mal dizer se tu sorrires
Do que te escrevo, amor, de enxurrada.
Nas cores que nos deixou o Arco-Íris
Há tinta de água, amor, evaporada.
Os pedaços de gelo são cardume
À superfície do lago tão gelado
Espera por mim no sítio do costume
Onde nos temos nós desencontrado.
Eu sou um diamante na vidraça
Rasgo o vidro de leve na janela,
Se fico cá fora o sonho passa
Carregado de mel e de canela.
Pudesse eu ao de leve afirmá-lo
Que meus dedos t´aconchegam n´ almofada,
(Eu entro pela porta do cavalo
E teus sonhos, assim, não dão por nada...).
É tempo de vindimas e castanhas,
A isto o Outono se resume,
E nem que tu não queiras e nem venhas
Espero por ti no sítio do costume! "