terça-feira, 24 de março de 2020

A Noite Rasga-me O Corpo



 Tenho-te no ouvido
Furaste-me a pele com o teu dorso
Será que saltaste a entrada 
Com o meu juízo no bolso?

Sabes a gengibre suculento
Deixas as minhas ancas a tremer
A tua mão fechada releva-me a verdade
Que já não consigo esconder.

A Noite rasga-me o corpo
Sem saber por quem se bate
Oiço a carne que se dobra
Sem saber se é um disfarce.

No fim do beco
O Velho martela-me a cabeça.
Noite tão alta...
Silêncio tão leve...
E o brinde recomeça!

És o tempo aos soluços
Feito de frações erradas
Deixas marcas de argila
Em plumas apagadas.

És o tempo aos soluços
Feito de frações erradas
Deixas marcas de argila
Em penas apagadas.

Lisboa, 15 de janeiro de 2013