Beijo de Fogo
Quando estou ao teu sabor
Fica a paisagem sem gente
Abre o Mundo um corredor
Vou ao sabor da corrente...
Não me sinto dominado
Pois que és o meu domínio,
Sou Espécie de desterrado,
Nalgum Astro de alumínio.
Por ordem d´algum convénio
Muda meu lugar no Espaço
Sou balão de oxigénio
Que em ternura me desfaço...
A serrilha dos teus dentes
Nos meus lábios são arado
Rasgando o solo às sementes
Que não se dão noutro lado!
Dão sumos desconhecidos,
Tão doces e transparentes,
Se temos lábios unidos
Só eu sinto o que tu sentes.
Átomos somos somente?
Oxalá que assim seja:
Fruto proibido dá gente
Quando a gente se deseja
Quando fazemos amor
A nudez é nossa roupa:
Quando estou ao teu sabor
Tenho o teu sabor na boca!
Henrique Segurado Pavão,
Lisboa,24 de Junho de 2008