Tenho-te no ouvido
Furaste-me a pele com o teu dorso
Será que saltaste a entrada
Com o meu juízo no bolso?
Sabes a Gengibre suculento,
Deixas as minhas ancas a tremer
A tua mão fechada revela-me a verdade
Que já não consigo esconder.
A noite rasga-me o corpo
Sem saber por quem se bate
Oiço a carne que se dobra
Sem saber se é um disfarce.
No fim do Beco
O velho martela-me a cabeça
Noite tão alta,
Silêncio tão leve
E a espera recomeça.
És o tempo aos soluços
Feito de frações erradas
Deixas marcas de argila
Em Plumas apagadas.
Lisboa, 15 de Janeiro
Damn!
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