Querido Novembro,
Que entraste em mim de rajada,
Onde guardaste o Outubro
Nesta noite tão rasgada?
O mais velho costumava
Enfeitar-me com pétalas e marfim
Mas no céu rebentou a revolta
E o mar arruinou-se em mim.
Trocou-me as voltas,
Rasgou-me o vestido,
Partiu as portas,
Cuspiu o Cupido.
Junho foi o seu Judas Salvador
Envenenou o meu ego
E a ira transformou-se em amor.
O Agosto sorridente
Espelhou uma andorinha
Guardou no bolso uma semente
E nasceu uma adivinha.
Doce Novembro,
Despede-te baixinho
Abraça-me em sonhos
Traça-me no teu caminho.
Querido Novembro,
Que me levaste até à lua
As estrelas estonteantes
As estrelas estonteantes
Trincam as nuvens
E a noite beija-me nua.
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